Atleta maranhense vai a Mundial após vender água em semáforo para pagar despesas

Andressa Raquel tem 13 anos e conseguiu
pagar despesas para disputar competição.
Grave este nome. Andressa Raquel, 13 anos, atleta de jiu-jitsu, uma lutadora dentro e fora dos tatames. Maranhense de São Luís, a garota conseguiu classificação para o Campeonato Mundial da modalidade, que acontece no mês que vem, em São Paulo-SP. Porém, não tinha condições financeiras para realizar o sonho de disputar a competição. Como se partisse para um combate, a menina reuniu a família e resolveu vender água nas ruas para representar seu estado em uma competição mundial.

Em busca de passagem aérea, material esportivo, pagamentos de taxas, alimentação e hospedagem, Andressa Raquel foi ao bairro da Cohama, em São Luís (MA), junto do seu pai (André Pitombeira) e seu irmão (José Ribamar) e aproveitou as paradas do veículos no semáforo para vender água ao valor de R$ 2,00.

- Todo mundo me ajudou. Uma tia comprou água, outra comprou uma caixa de isopor. Fizemos uns banner e começamos vender. A gente começou no sábado (27/05) e terminou na última segunda. Depois algumas pessoas se sensibilizaram. Conseguimos doações e garantimos tudo para a viagem – disse a garota.

A pequena atleta não escondeu a emoção em ter conseguido no próprio suor a realização de um sonho. Para ir ao Mundial, Andressa Raquel teve que lutar no tatame e nas ruas.

"Foi a realização de um sonho. Eu quero muito voltar de lá e trazer uma medalha para o meu estado. Vai ser outro sonho realizado. Estou muito feliz. Quero agradecer à todas pessoas que me ajudaram. Muito mesmo".

Andressa Raquel pediu mais valorização para o atleta maranhense. Segundo ela, não só lutadores de jiu-jitsu, mas outras modalidades também sofrem com a falta de apoio.

- O atleta aqui no Maranhão não tem apoio. Não só no jiu-jitsu, mas em todo esporte. Falta suporte. Temos condições de trazer grandes conquitas para nosso estado - afirmou.

Pai de Andressa Raquel, André Pitombeira é só orgulho. Formado em logística, ele explica que assim como sua esposa, acabou ficando desempregado e não tinha condições de arcar com as despesas.

- Ela começou no jiu-jitsu com 11 anos e vinha ganhando tudo. Todo mundo via que ela realmente tinha o dom. Enquanto a gente tinha condições, tudo bem, mas a nossa situação ficou um pouco complicada e ela me perguntou se teria como ela ir para o Mundial. Conversei com a família e resolvemos vender água. Graças à Deus conseguimos realizar o sonho de nossa filha – afirmou.

Pitombeira disse que se surpreendeu com a proporção que a história de sua filha tomou. Segundo ele, as doações ainda continuam acontecendo e caso sobre alguma coisa, a pretensão é doar para o Aldenora Bello, hospital em tratamento de câncer.

- Vou ser bem sincero. Eu não esperava a proporção que tudo isso tomou. Não esperava mesmo. Muita gente ligando para ajudar, imprensa... Ela já falou e já decidimos. Quando conseguimos pagar tudo, o que sobrar iremos doar para o Aldenora Bello - comentou.

Com doações, Andressa Raquel já conseguiu as passagens áreas, material esportivo, hospedagem e alimentação. Segundo o seu pai, as doações já ultrapassaram os R$ 1.500,00 e existe perspectiva de aumento desse valor.

Quanto a venda de água, o valor ficou bem além disso. Com as garrafas sendo vendidas a R$ 2,00, a família conseguiu arrecadar algo em torno de R$ 400,00. O dinheiro foi direcionado para pagamentos de taxas e atestados médicos.

Em sua curta carreira, Andressa já acumula cerca de 20 medalhas, entre as principais conquistas está o Campeonato Norte/Nordeste de Jiu-Jitsu em 2016. Em 2017, ela já conquistou duas etapas do Campeonato Maranhense de Jiu-Jitsu Profissional e o Circuito Cidades, no município de Santa Inês.

O Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu será realizado em São Paulo (SP). A competição está agendada para os dias 8 e 9 de julho. Andressa Raquel disputará a competição na categoria infanto-juvenil.
Andressa Raquel vendeu água na Cohama, em São Luís.