Em gravação vereadores admitem ter usufruído de combustível do município
“Não me arrependo de nada que eu fiz e faria de novo, utilizando combustível de onde quer que seja” dispara um vereador envolvido.
Vereadores Lebreu e Clebson ao tentarem se defender de acusações, confessam ter usado combustível do município. |
Em áudio vereadores envolvidos na “máfia do combustível”
admitem ter usado do combustível pago pela Prefeitura de Bom Jardim e dizem não
se arrepender, além de zombar e tentar barra as investigações da justiça.
A gravação dos áudios foi realizada em público, por um
leitor deste site, no plenário da Câmara Municipal, na terça-feira (dia 17 de outubro), após sentença da justiça
que determinou a indisponibilidade dos bens de sete vereadores e grande
repercussão na mídia estadual e também nos principais telejornais e sites de
noticias a nível nacional.
Réu no processo do combustível, que desencadeou a “Operação
Ostentação 2017” ,
o vereador Clebson Almeida Bezerra (Professor Clebson) em uma tentativa de
buscar responder acusações de envolvimento na “máfia do combustível” assume ter
abastecido o carro quatro vezes com combustível pago pela prefeitura.
“Hoje tenho uma casa aqui, um apartamento em São Luis. E sabe o que
aconteceu agora? Eu não tenho mais elas, é da justiça agora. Eu não posso nem
pegar um bem meu e vender porque a justiça agora é dona. Sabe quantos abastecimentos
tem do meu carro? Quatro. Dois foram pra ir pra Bacabal, um pra eu ir pra São
Luis.” confessa o vereador.
O vereador Charles Viana da Silva (Lebreu) também réu no processo do combustível confessa
participação e diz ter usado do combustível pago pela Prefeitura, que não se
arrepende e que faria tudo de novo. “Não me arrependo de nada que eu fiz e faria de novo,
utilizando combustível de onde quer que seja, sem duvida nenhuma faria, não me
arrependo e se o promotor me chamar eu não nego.” Confessa o vereador Lebreu.
Em uma outra parte do áudio Clebson reclama da fiscalização
dos parlamentares de oposição e acaba confessando ter conhecimento de outros atos ilícitos da gestão e está sendo omisso, quando uma de suas principais funções como legislador é fiscalizar.
“Não vamos
está aqui na Câmara atrás de requerimento pra saber quantos carros foram,
quantos vieram, ai vem requerimento em cima de requerimento. Essa 'Van' os meninos de Bacabal vieram varias vezes atrás, é complicada porque isso gera recursos do município e é uma 'coisa' particular, mais mesmo assim foi feito. Não sei como não denunciaram ela, porque podem denunciar. E Ai?" Confessa o vereador, demonstrando a completa omissão como parlamentar, que além de cometer ato ilícito no cargo, consente atos que envolvem outros.
Enquanto isso, apesar da clara demonstração de não temer a justiça, vereadores agem dentro da Câmara Municipal na tentativa de barrar as investigações solicitando, em discurso, a colegas de oposição que não deixe ir para frente quando se refere aos atos investigados no processo do combustível. "O que nós vamos fazer? Eu estou decepcionado por hoje está aqui. Vamos fazer com
que isso aqui, não vá pra frente.” Suplica aos colegas em uma tentativa de
obstruir as investigações.
Em seguida, Clebson de forma escárnio dispara contra o
promotor Fabio Santos de Oliveira. “Nós temos um promotor que diz que já foi
delegado federal, já foi isso e aquilo outro, mas ele usa a lei, ele não usa o
povo. Ai o promotor vai pra televisão dizer ‘eu entrei
com processo de cassação porque foi mais de 70 mil reais’ em combustível”. De
maneira irônica tripúdia e zomba do promotor.
Relembre o caso
Em decisão proferida no inicio deste mês, os vereadores
também tiveram os bens bloqueados pela justiça. Os bens são imóveis,
veículos, e valores depositados em agências bancárias, que assegurem o integral
ressarcimento do dano, limitado à quantia R$ 1.435.468,65 (um milhão,
quatrocentos e trinta e cinco mil, quatrocentos e sessenta e oito reais e
sessenta e cinco centavos). Valores suficientes para garantir a execução da
multa e do ressarcimento do dano causado ao erário público.
A ação relata graves irregularidades comprovadas que transgrediram as normas e princípios constitucionais e administrativos com a manutenção de verdadeira "máfia do combustível" em Bom Jardim , esquema descoberto após investigações conduzidas pelo Ministério Público, inclusive com provas documentais, depoimentos, interceptações telefônicas deferidas judicialmente no decorrer da operação.
O procedimento administrativo instaurado para apurar as irregularidades nos abastecimentos de veículos apresentou provas robustas da ocorrência de desvio de recursos públicos, através de contrato de fornecimento de combustível, sendo que o prefeito e o seu irmão seriam os mentores intelectuais do esquema, por meio da autorização de abastecimento de veículos particulares de vereadores em troca de apoio político, com dano ao erário estimado em R$ 70 mil por mês.
“Há dezenas de notas de abastecimentos assinadas pelos requeridos, inclusive de vereadores da base aliada do governo, para o abastecimento de seus carros particulares sem qualquer controle da máquina administrativa, ocasionando evidente lesão ao erário público, dinheiro do povo que deveria ser revertido em prol de toda a comunidade bomjardinense nas mais diversas áreas, como, por exemplo, saúde, educação, saneamento básico, entre outras, mostrando o total descaso dos requeridos, representantes eleitos pelo povo, com o bem-estar e qualidade da população tão carente de gestores adequados para a mudança na condução da máquina pública”.
Por: Josivan Rodrigues, jornalista 0001819/MA.
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