Em Imperatriz, juiz perde voo e dá ordem de prisão a funcionários da TAM
Funcionários da companhia aérea TAM - que trabalham no
aeroporto de Imperatriz (MA) - receberam voz de prisão dada pelo juiz Marcelo
Baldochi, titular da comarca de Senador La Rocque (MA), e foram conduzidos ao
Plantão da Polícia Civil na cidade.
O fato ocorreu no último sábado, 6, após o magistrado ter
sido informado que não poderia embarcar na aeronave com destino a São Paulo,
pois a chamada tinha sido encerrada e a porta de embarque estava fechada cerca
de sete minutos antes da sua chegada.
O juiz Marcelo Baldochi já foi acusado por usar mão de obra
escrava em fazenda de sua propriedade em Bom Jardim - MA. |
Inconformado com a situação, Marcelo Baldochi disse a um
funcionário da empresa aérea que estava ocorrendo um desrespeito ao direito do
consumidor. De acordo com uma testemunha, o
juiz chegou a entrar na área de embarque e deu voz de prisão ao funcionário,
convocando um policial militar que estava no aeroporto para conduzi-lo até a
delegacia. Diante deste fato, outros funcionários da TAM tentaram intervir e
acabaram recebendo voz de prisão também, totalizando assim três atendentes
conduzidos ao Plantão da Polícia Civil.
Em nota enviada à imprensa, a Associação de Magistrados do
Maranhão (Amma) criticou a atitude do juiz Marcelo Testa Baldoch. A Amma disse
não compactuar com a atitude do juiz e anunciou que pedirá investigação da
Corregedoria-Geral de Justiça.
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Maranhão
informou que representará junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o
juiz Marcelo Baldochi por ter dado voz de prisão a funcionários da TAM. "O
fato aconteceu no sábado (6) e segundo a Seccional Maranhense é incompatível
com a dignidade do cargo", informou a OAB.
Diante da repercussão dos fatos, o juiz Marcelo Baldochi,
que ainda não havia se manifestado sobre o ocorrido, prestou esclarecimentos em
carta publicada na internet.
"O voo marcado para as 21h02 admitia o embarque,
segundo as normas de aviação civil e do que consta do próprio bilhete, 15
minutos antes da partida. Todavia, mesmo com o check-in em mãos, às 20h32 os
passageiros Marcelo Baldochi e Camila Costa foram impedidos de embarcar sob a
alegação de que deveriam estar no local às 20 horas", relatou.
O magistrado ainda disse que o agente da TAM não prestou
qualquer informação e disse que não era problema dele, isolando-se numa sala da
companhia. Apesar de insistir para que, por meio do rádio tentasse o embarque,
o funcionário disse que não o faria. Ainda assim, Baldochi informou ter
registrado às 20h42 uma ocorrência na Infraero contra a companhia e seu agente.
Apesar de ter perdido o voo pela TAM, o juiz foi embarcado
em outra companhia aérea e seguiu rumo ao seu destino final que era a cidade de
Ribeirão Preto (SP).
Por meio de nota a companhia aérea disse que "segue
todos os procedimentos de embarque regidos pela Legislação do setor". A
empresa informa ainda que "está colaborando e prestando todos os
esclarecimentos às autoridades".
O delegado regional de Imperatriz, Francisco de Assis Ramos,
informou que não vai se pronunciar sobre o assunto até apurar melhor o caso. Já
o Delegado de plantão no momento do episódio, Marcelo Fernandes informou também
não querer falar a respeito e não revelou os nomes dos funcionários da empresa
e por quanto tempo ficaram na delegacia.
Histórico. O juiz Marcelo Baldoch tem histórico de
ocorrência na Corregedoria de Justiça. Em 2011, ele foi denunciado por manter
trabalhadores rurais em condição de escravidão, em sua fazenda, na cidade de
Bom Jardim (MA). Condenado, foi obrigado a indenizar os trabalhadores.
Em dezembro de 2012, foi Baldoch a vítima. Ele se recusou a
pagar R$ 12 cobrados por um flanelinha (guardador de carros) e foi agredido a
facadas e pauladas. Baldoch é do interior de São Paulo, e atua como juiz no
Maranhão há mais de 10 anos.
Deixe um comentário