Cinco casos de Covid-19 são confirmados em Terra Indígena de Bom Jardim

Casos estão na Terra Indígena Rio Pindaré, localizada na zona rural do município. Um dos pacientes infectados é uma agente de saúde, que é indígena.

Índios Guajajaras estão em alerta por conta do avanço de casos da Covid-19 no Maranhão. Na Terra Indígena Rio Pindaré, localizada na zona rural do município de Bom Jardim já foram confirmados cinco casos da doença. Um dos pacientes infectados é uma agente de saúde da aldeia, que também é indígena.

O novo coronavírus já chegou em três das oito aldeias que ficam na zona rural do município. De acordo com o professor Flaubert Guajajara, após a confirmação dos casos na aldeia, muitos indígenas estão apresentando sintomas gripais, mas a falta de testes para a Covid-19 tem atrapalhado no diagnóstico da doença.

"A gente tem nas comunidades muitos casos de sintomas gripais e que complica a situação do diagnóstico da Covid uma vez que não tem teste. E por tudo isso a gente acha que há necessidade inclusive da implantação de um hospital de campanha, que o governo possa se agilizar nesse sentido. Porque talvez, hoje, a Terra Indígena Pindaré seja no Maranhão uma das terras que apresentam mais casos do Covid-19", disse o professor.

As lideranças da tribo alegam que o rodízio de médicos e enfermeiros tem dificultado os atendimentos de saúde nas aldeias. Os índios também afirmam que apenas uma ambulância tem sido usada para atender pacientes com casos de urgência em todas as aldeias. Com isso, eles temem serem desassistidos em situações mais graves por falta de cobertura da ambulância.

"Quando chega as 17h, o veículo não pode mais sair para atender demandas. Aí entra o outro veículo que está responsável pelo atendimento geral, que fica no polo base. Esse veículo é o responsável por atendimento de urgência e emergência durante a noite, só que temos um problema pois esse veículo que atende a casos gerais. No momento em que acontecer alguma emergência ou urgência, e esse veículo estiver em qualquer uma dessas terras, nós vamos ficar descobertos e aí a situação só vai ficar se agravando", explicou o índio Welderson Guajajara.

Por conta disso, os índios decidiram entrar com um processo no Ministério Público Federal no Maranhão (MPF-MA) para cobrar melhorias no atendimento de saúde nas aldeias. Eles também cobram o envio de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e melhor assistência médica.

Segundo Alberto José Goulart, coordenador Distrito Sanitário de Saúde Especial Indígena, órgão ligado ao Ministério da Saúde, medidas estão sendo tomadas para garantir providência aos índios. Ele afirma que essa semana já foram enviados as aldeias álcool em gel, máscaras e medicamentos.

"O Maranhão possui mais de 600 aldeias indígenas. O atendimento é feito pelas equipes de saúde, que prestam atenção primária nessas aldeias. Nós possuímos veículos para atender os profissionais de saúde e os povos. Os veículos que estão nos povos ficam 24 horas a disposição para urgência e emergência e todos eles só podem ser utilizados para casos de saúde. Nós possuímos as equipes, que ficam por causa da pandemia, 20 dias nas aldeias e dez dias de arejamento e todas as aldeias possuem equipes que fazem as visitas constantemente. Os equipamentos de proteção individual estão sendo distribuídos e estão sendo enviados as aldeias", disse.