Rios sofrem por conta de poluição e desmatamento no Maranhão

Rios Bacanga, Itaperucu, Balsas, Pindaré e Tocantins são atingidos por falta de tratamento de esgoto, mas também pela ação da população com lixo despejado.


Cinco rios que abastecem várias cidades do Maranhão estão ameaçados pelo desmatamento de suas nascentes, pela poluição causada pelo lixo jogado e pelo esgoto sem tratamento que é lançado direto nas águas.

Rio Itapecuru 

Um dos rios afetados pelo descaso é o Rio Itapecuru, que abastece grande parte das casas dos 55 municípios banhados por ele. São de 1.450 km percorridos pelo rio genuinamente maranhense.

O lixo é um outro problema que tá exposto pra quem quiser ver. Ele se espalha pelas margens e até dentro do rio. Motivo de revolta pra quem, em outros tempos, já pôde usar o Itapecuru sem preocupação.

São sacolas e embalagens plásticas descartadas de forma irregular, que acabam vindo parar onde não deveriam, as margens do rio. A falta de consciência ambiental compromete não apenas a vida marinha e a vegetação, mas a saúde e qualidade de vida do próprio homem.

Rio Pindaré

Com 650 km de extensão, o Rio Pindaré passa por, pelo menos, dez municípios maranhenses que abastecem mais de 1 milhão de maranhenses. Além da poluição e do desmatamento, a pesca predatória é outro fator que preocupa ambientalistas e quem é abastecido e vive das águas do rio.

Em várias partes do rio, é possível observar barragens construídas irregularmente, que são usadas para facilitar a retirada dos peixes e ajudar na agricultura familiar. O grande problema, é que a técnica está acelerando o assoreamento do rio e preocupando as autoridades locais.

Por isso, a Polícia Militar mandou uma equipe exclusiva para fazer o patrulhamento do rio, que tem como objetivo combater os crimes que mais prejudicam o rio que é um dos mais importantes do Maranhão.

Rio Balsas

No Rio Balsas, os ambientalistas estão preocupados com o desmatamento das nascentes, além disso tem a poluição do rio por conta de esgoto sem tratamento no trecho do rio que passa dentro da cidade de Balsas. O lixo deixado pelos banhistas também contribui bastante para este cenário negativo. No período chuvoso, isso é agravado, que é quando o lixo é levado para o leito do rio.

Rio Tocantins

O Rio Tocantins possui mais de dois mil quilômetros de extensão e banha cerca de 65 km de Imperatriz, a segunda maior cidade do Maranhão. Considerado um dos rios mais importantes do estado, ele abastece centenas de famílias ribeirinhas que vivem da pesca, do transporte de passageiros e no período de veraneio, do comércio temporário com as barracas que são instaladas nas praias.

Com o crescimento das cidades, boa parte do esgoto produzido pelas moradias vem sendo jogado nas águas do Rio Tocantins, sem nenhum tratamento. Além disso, a extração ilegal de areia, o desmatamento das áreas de proteção ambiental localizado às margens do rio estão causando o assoreamento. As águas do Tocantins também sofrem com oscilação do nível, que é controlado pela vazão das barragens, está causando danos graves ao meio ambiente.

O Ministério Público do Maranhão (MPMA) entrou com uma ação contra a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) e a Prefeitura de Imperatriz, que obriga os órgãos a fazer o tratamento de esgoto que é jogado em riachos que chegam até o rio.

Rio Bacanga

O Rio Bacanga é um dos mais poluídos da região segundo especialistas. Amostras comprovam que há muito material orgânico sedimentado no fundo e altíssimos níveis de contaminação. O Rio Bacanga nasce no Maracanã e tem 19 km de extensão, passando por bairros como João Paulo, Vila Embratel e Sá Viana. O alerta vem do Departamento de Química Ambiental, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Uma das consequências é a diminuição do nível de oxigênio da água que compromete a vida e qualidade dos peixes. Apesar disso, a pesca é comum e isso passa a ser um risco para quem consome. A professora Gilvanda Nunes diz que já apresentou ao Governo do Estado soluções para tentar amenizar a poluição e resolver o problema a longo prazo.

- Dentro do projeto que apresentamos a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) estavam ações das recuperações das matas ciliares, bioremediação do ambiente aquático e o tratamento dos esgotos. Aí se tem ao longo do tempo, esse rio completamente recuperado – disse a professora da Ufma.

A Sema diz que desenvolve projetos a conservação e recuperação ambiental e que estão em andamento dois projetos para recuperação das matas ciliares, o berço do Rio Itapecuru, no Parque Estadual do Mirador, e a protetora dos mananciais, no Parque Estadual do Bacanga. A Secretaria disse que a ideia é que esse programa se estenda por todo estados. Sobre o lançamento de esgotos nos rios, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) não se manifestou.